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terça-feira, 31 de janeiro de 2023

Santo Guerreiro - Ventos do Norte, de Eduardo Spohr



Sem enrolação, vamos direto ao assunto. Primeiro, a minha opinião. Gostei e achei a obra bem contida e detalhista, esperando a hora certa para revelar a sua história, em determinados pontos ao decorrer da leitura.

Vou aproveitar o gancho do livro e dizer sobre o que ele se trata, sem levantar spoilers. Ventos do Norte se passa cerca de trezentos anos depois da Batalha de Teotoburgo, em um período em que o Império Romano já encontrava em franco declínio. 

Um dos objetivos do autor, como ele próprio afirma na obra, foi mostrar como as invasões bárbaras e o cristianismo contribuíram para a queda de Roma. A outra foi explorar o cotidiano das legiões, a vida dos soldados nos acampamentos e sua relação com a população civil.

Na minha opinião como leitor, ele conseguiu retratar muito bem. Sempre tive curiosidade em saber como era a sociedade nesta época, como viviam, o que faziam, a vida pública, a relação entre o Estado e o povo, enfim, a vida na Antiguidade.

História

A obra se propõe a continuar a contar a trajetória de Georgios agora como um tribuno militar da Trigésima Legião de Trajano, localizada na Colônia Úlpia Trajana, na qual sua base era em Castra Vetera.

Sua posse não demora muito e ele já tem problemas a enfrentar, com o pessoal da marinha e depois contra os francos, na Fronteira do Reno. Gostei dessa parte porque foi bem detalhada, de modo que os romanos precisaram fazer acordos com os bárbaros, para defender suas fronteiras e percebendo que nem todas as tribos germânicas eram aliadas, muito pelo contrário, utilizaram esse ponto para avançarem nas linhas inimigas. Além do mais, em determinados trechos, dando aquele toque de sutilidade mística, a obra aborda a morte de Laios, uma dúvida que permeia todo o objetivo de Georgios, desde Roma Invicta, que pelo jeito, ficará para o último livro. A obra ainda fala sobre a relação dos Tetrarcas e a conspiração para matar Georgios e Constantino.

Coerência

Eduardo transmitiu a mensagem que queria e foi coerente na maneira que escreveu. Colocou tudo no seu devido lugar e fechará com chave de ouro no último livro. Achei legal as cartas que Constantino trocara com sua mãe, Helena e Eusébio, antes de iniciar os tomos, contando a história que se passaria a seguir. Foi uma forma muito legal de não se perder ao meio de tantos personagens e eventos.

Escrita

Resumindo, a linguagem do livro é fluída e rápida de ler. É claro que tem palavras que não conhecemos, então eu sempre estava com um dicionário para ver o significado e no google, para saber onde ficavam as localizações do livro.

Aprendizado

É evidente que com o livro, você volta ao passado e tenta imaginar como era a vida na antiguidade. Porém, mais do que isso, de uma forma mais técnica, como essa época foi crucial para o destino de Roma e suas províncias. Já não era mais a Roma de Júlio César e de Augusto, com a religião politeísta e e suas leis, agora os romanos precisariam se aliar a tribos para manter o seu império e aceitar o cristianismo, por bem ou por mal. A pureza romana já não mais existia e tentar voltar com as mesmas práticas, não era uma boa ideia.

Talvez, se Trajano não expandisse tanto - não havia essa necessidade - provavelmente o império duraria muito mais. Mas o desgaste tanto físico quanto mental de lutar durante décadas contra os germânicos, acredito que foi decisivo para a queda.

Como sempre, o poder, o ego, a ganância, são fatais para homens e mulheres que desejam sempre estar no topo do mundo, como deuses, sendo adorados. E isso não foi diferente com o Império Romano, que ainda lutou até o fim dos seus dias, para trazer a glória de um passado esquecido.

LINKS

>> Santo Guerreiro (trilogia) (minha autoria no Wikipédia. Todo o conteúdo foi aprovado pelo autor.)

MINHAS OUTRAS RESENHAS

>> "O Alquimista", de Paulo Coelho
>> "O Sublime Peregrino", de Hercílio Maes